

Toda empresa desenvolvedora de tecnologia acumula uma espécie de dívida inerente à continuidade de seus produtos. Hardware e software, por exemplo, exigem manutenção, suporte técnico e atualizações constantes. Caso contrário, rapidamente tornam-se obsoletos e não funcionais. Essa dívida imensurável é chamada de passivo técnico. Assim como a invisível e impactante depreciação de bens, ela deveria ser considerada na composição de preços e em outras análises.
No setor de desenvolvimento de software o passivo técnico é um problema grave. Em um ambiente de inovação frenética, quanto maior a quantidade e diversidade de soluções comercializadas, maior é a dificuldade em mantê-las atuais e relevantes para o mercado. O investimento necessário para manutenção e atualização é similar ou superior ao investimento inicial de criação. Desse modo, desenvolvedoras ficam cada vez mais lentas e ineficientes, na medida que agregam novos recursos às suas soluções ou diversificam seu portfólio de produtos.
Para lidar com o passivo técnico, diversas organizações, inclusive gigantes do setor como Microsoft e Adobe, estão mudando seu modelo de negócios e apostando no SaaS ou software como um serviço. Outros modelos de negócios estão surgindo e mostram-se promissores. Algumas organizações apostam em TI Bimodal, uma estrutura separada para projetos antigos e novos. Outras investem na otimização do ciclo de desenvolvimento, como no modelo DevOps. Desenvolvedores precisam estar atentos e adequar suas empresas o quanto antes.
O mercado de desenvolvimento de software tem poucas barreiras para entrantes e pouca colaboração entre concorrentes. Para grande parte das empresas trata-se de um oceano vermelho, ou seja, competição feroz, trabalho duro e ganhos magros. Cegos para o passivo técnico, startups têm praticado preços abaixo da real linha de custos, apostando em ganhos de escala. Cuidado! Daqui para frente, o mercado exigirá uma gestão eficaz e casos de “sucesso acidental” como o do Facebook serão cada vez mais raros.
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