
Em 2001, George Arthur Akerlof recebeu o prêmio Nobel de economia por revelar uma verdade simples e oculta, publicada no artigo “The Market for Lemons”. Limão é a expressão norte-americana para o que chamamos de abacaxi. Curiosamente, brasileiros e americanos concordam que comprar carros usados pode ser uma experiência um tanto azeda.
O mercado de carros usados (aqui e nos EUA) é conhecido pela presença generalizada de espertalhões. Akerlof percebeu que isso se dá pela desigualdade de informações entre vendedor e comprador. Ou seja, o vendedor sabe muito mais sobre o produto e suas condições do que o comprador. Desse modo, o comprador fica vulnerável. Para se proteger, assume que todo vendedor é um potencial espertalhão.
Nesse contexto de desconfiança generalizada, vendedores honestos têm dificuldades para obter um bom valor pelos seus produtos. Mesmo que o produto seja bom, seu valor é depreciado, pois concorre com outros que apenas parecem bons. Com isso, vendedores honestos acabam deixando de trabalhar no setor e assim se forma um ciclo vicioso. A conclusão de Akerlof é que “negócios desonestos tendem a tirar os negócios honestos do mercado”.
Essa dinâmica se repete em todos os mercados onde há grande disparidade de informações entre vendedores e compradores, como consultorias empresariais, serviços advocatícios, médicos e também na política. Afinal, o candidato possui muito mais informações sobre suas verdadeiras intenções do que o eleitor. E é por isso que a política é um setor repleto de espertalhões onde pessoas honestas não se criam. Cá entre nós, você achava que política só combinava com laranjas, não?
Assine nossa newsletter
Receba em seu e-mail o Boletim Saia do Canto com os últimos artigos e materiais da DRB Marketing.